A vida é esse trânsito eterno do Ser que ao mesmo tempo em que faz o
mundo nele se faz. A responsabilidade de eternizar o Ser no mundo coloca-nos
uma dimensão ética em cada fazer; quanto mais éticas forem às ações do ser
humano, mais larga será a linha senoidal que separa as eras do ápice e do caos.
Assim foi na era de Sodoma e Gomorra; de Atenas; de Roma até os dias de hoje.
Dizer que estamos atingindo o caos seria imprudente, mas que nos
aproximamos em passos largos da linha que demarcará uma nova era é adequado
antever.
Quando um avião supersônico ultrapassa a barreira do som ouve-se uma
explosão, um estrondo, mas o vôo não sofre alterações a não ser quanto à
rapidez que desenvolve em sua trajetória. O estrondo marcou o antes e o depois e
possibilitou-nos visualizar a existência de dois lados; de um anterior e um
posterior; de um ontem e de um hoje; do anterior e do atual. O vôo prossegue,
mas não é mais o mesmo; a trajetória que percorrerá nunca poderá se igualar
aquela que percorreria se não ultrapassasse a barreira do som.
Se a vida for um eterno retorno, um vai e vem, como uma roda gigante que
gira levando algumas cadeiras para cima e outras para baixo, creio que a
caminhada humana apressa-se tal qual um vôo supersônico. Alguns para cima,
outros para baixo; mas em uma linha senoidal, que não se fecha como em uma roda, mas caminha em altos e baixos indefinidamente. O todo, porém, dependerá da dimensão ética. Podemos
despencar todos, juntamente com a roda gigante ou seguirmos adiante como em um
vôo supersônico.
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